domingo, 12 de abril de 2015

F.A.Q.

F.A.Q.: Frequently Asked Questions:
Perguntas Frequentemente Feitas &+ Perguntas que ninguém faz mas eu gostaria de responder:

1  .  Kenny! Tu tava viajando pelo Brasil, né?
Quase! Eu estive viajando pela reagião sudeste, conheci São Paulo, Rio, Espirito Santo e Minas. Conheci 33 cidades nos quatro estados em 8 meses de viagem.

2  .  E tu viajava sozinha?
Primeiro eu viajei com dois meninos que já estavam viajando.
Daí viajei sozinha ~fiz uns vídeos bem loca~
Depois viajei com uma galera da hora, uma chilena, um argentino e uma paulista.
Depois eu viajei sozinha de novo, e depois eu viajei com um namoradinho.

3  .  E não era perigoso?
Só é perigoso pra quem têm medo.

4  .  E tu não tinha medo?
Na época que eu menos sabia das coisas, de como viajar e me manejar, eu não tinha a menor idéia do que era hermética, e que os opostos são pólos opostos de uma mesma coisa, mas já era como eu lidava.
Quando não se tem nada ou ninguém para contar, se descobre dentro de si uma força que você nem sabia que existia, simplismente porque existe a nescessidade. 'tem que ser forte', coragem se cria.

E eu sempre, até hoje, em momentos de dificuldade, me inspiro em Olga Benario Prestes e no que ela viveu, super recomendo a biografia dela do Fernando Morais. E de repente meus problemas não parecem mais tão difíceis.

5  .  Onde tu dormia?
Eu viajei oito meses. Eu dormi em muitos lugares diferentes.
Dormi em posto, praça, albergue público, rodoviária, hostel, hotel, ocupação, camping, praia e casa de pessoas que me ofereceram pouso.
Juro que não foi tão ruim quanto parece ser.
Em Vila Velha - ES, dormi por um mês em um apartamento que alugamos, com meus amigos de viagem, só não dormíamos no apartamento quando íamos conhecer lugares diferentes e acampavamos, ou quando íamos trabalhar na Praia da Costa e ficávamos acampados lá. Eu tinha uma barraca.
Ficar acampada na Praia na Costa - Vila Velha, foi com certeza um dos lugares favoritos onde eu dormi, e principalmente acordei. Era lindo demais.

Nessa mesma época teve uma noite também que eu não dormi porque fomos em uma rave.

6  .  Onde tu fazia cocô?
Geralmente em vasos sanitários. Mas fiz no mato também.
Se eu não tinha um vaso sanitário para chamar de meu, eu pedia algum emprestado, ou procurava algum público, mas sempre consegui fazer minhas nescessidades tranquila.

7  .  Como tu fazia pra tomar banho?
Eu procurava um chuveiro. E se eu não estava exatamente residindo em algum lugar que tivesse um chuveiro, fique sabendo que existem chuveiros em rodoviárias, e em assistantes sociais, além do mais, a maior parte do tempo viajei pelo litoral onde há duchas, que são na verdade bastante parecidas com chuveiros e resolvem este problema, e também por regiões perto de rios e cachoeiras. Sempre escovei os meus dentes.

8  .  E como tu viajava? Tu ia de carona?
Fui de carona, de ônibus, de trem, e a pé.
(dois dias de caminhada a pé com 8kg nas costas é super edificante para a alma)

De carona fui de carro e de caminhão.
Caronas preferencialmente com alguém que se conhece previamente, ou pegar carona em posto, só é melhor se marcar por internet, mas também peguei carona na beira da estrada.
De preferência estar acompanhada, mas também peguei sozinha.

9  .  E não te aconteceu nada de mal?
Essa é a pergunta preferida do público em geral. rs. Por isto vou dar uma atenção especial para ela, mesmo essa não sendo nem de longe a minha parte favorita:

O meu primeiro contato com o mal, na viagem, foi o seguinte diálogo que vivenciei nos meus primeiros dias de viagem, pedindo carona em São Paulo num posto de gasolina na Dutra. Qualquer coisa assim:

Kenny: Moço, será que tu não poderia dar uma carona pra mim e pros meus amigos?
Moço: EntrA aÍ m1na, vamu rRobb44
>>>>>>>>> e me mostra A SUA ARMA <<<<<<<<<<<<<<<<
K: Não moço, desculpa, nós somos do bem..
M: a4H, n0s s0mos du Mal................

E foi embora.
Foi um momento difícel pois já passavam muitas horas em que pedíamos carona naquele posto, e sentia se uma vibe de precariedade de sentimento e humanidade naquela tal de São Paulo - Capital, e ser apresentada para uma arma nessa situação, com certeza é um momento que me recordo quando me questionam 'já te aconteceu alguma coisa de mal?'

Também tem 'o meu primeiro atraque', e depois 'o meu segundo atraque', tem 'a mina loca do albergue que queria me bater porque estava bêbada e achava que eu e os guris ríamos dela porque ela não entendia espanhol' e 'aquele dia que eu passei muito frio', mas nada que eu não tirasse letra para minha edificação.

Acho ainda que o pior foi a treta que eu tive com uns da família de segundo grau, que não quero nem falar. Blaaaaaaah

Mas não. Não fui esquartejada, esfaqueada, espancada, estrupada, estelionatada nem esculachada.
Aprendi que tudo que temos ao nosso redor é uma questão de energia e vibração, logo procurei sempre me manter positiva e me apegar as coisas boas que chegavam com gratidão.

Agora a minha parte favorita:
10  .  Qual a melhor coisa de se viajar?
WOA! This one is good!
Eu geralmente resumo naquele momento que eu sentia antes de dormir, sob qualquer teto ou ausencia dele em que eu estivesse, em que eu sentia.... talvez gratidão, talvez alegria, talvez felicidade, envolvia amor e vontade de estar viva, era bom e eu queria mais.
Aquele resumo era o produto do dia, das somas internas e físicas, geográficas, pessoais e socias; a epifania do crescimento como alma e tudo valia a pena. Fechava os olhos para dormir com ânimo em começar um novo dia amanhã sem me importar que dormia numa calçada dura, num colchão sujo, numa barraca molhada..

Por isso eu também resumo assim:
'As paisagens, as pessoas que tu conhece e te inspiram, a sensação de tu ser tu naquele lugar, naquela situação tão inusitada na tua vida'. Eu também não me imaginava uma hippie viajeira antes de dar o salto. As minhas partes favoritas foram todas aquelas que cresci.
Ou talvez aquela que eu percebi que eu nunca quero parar de crescer, e nem nunca deixar de ser criança em parte.
E eu nem falei do artesanato, do malabarismo e da yoga ainda!

11  .  Mas Kenny. E os teus pais??
Bom. Considerando que quando eu avisei pros meus pais que eu havia trancado a faculdade e tinha decidido sair de viagem eu ja estava a mais de 980km de casa, eles não tiveram muitas opções além de se desesperar. E foi exatamente isso que eles fizeram.
Depois claro, houve crises, depressões, chantagens..
Da minha parte, sim, houve um peso na consciência, mas acontece que logo vinha a vida real acontecendo como um trio elétrico de aventuras e emoções, que eu não podia conceber abandonar a missão. Logo segui, firme e rija. Ligava, dava notícias e contava coisas boas.
Aos poucos acho até que talvez eles ja até estivessem agradecendo a minha ausência. Mas daí eu voltei pra casa. TCHARÃÃM! Para contar que vou sair de viagem de novo...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Quase nada e quase tudo.

A busca pelo dinheiro diminui-nos ao mundo dos homens
o mundo do sofrimento
onde dóem as pernas, as costas, a cabeça, o fígado...
se tem sede, calor ou solidão...
falta de espaço, de tempo, de voz.
médicos, remédios.

Como se a recompensa valesse o sofrimento.
Mentiram dizendo que o dinheiro torna as coisas mais fáceis.

Existe um mundo de almas, onde só se acumula doando, e isto é tudo.

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As palavras
O mundo nunca estará perdido enquanto houverem as palavras
Melhor impressas,
melhor escritas,
eternizadas.

Para qualquer um que demonstrar o mínimo de empenho em tentar entender o que é tudo isso.
E quando proferidas, sempre haverá os ignorantes para rir primeiro
mas por fim fará muito sentido dentro de nós.
Enquanto houver boatos de amor verdadeiro, coração valente, consciência divina, gratidão, há chances.

Somos almas.
Coincidência.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Pedaços

Retalhos de pensamentos de viagem:

Esses dias eu sonhei que Deus e o Diabo eram o mesmo, como yin & yang; as pessoas são a soma das influências de seus anjos e demônios* que nutrem: fofoca, vaidade, cigarro, gula, arrogância & uma esmolinha no sinal pra pagar os seus pecados. -
[Sabe, eu me sinto feliz pelo meu trabalho, sabe, alfinetar a humildade das pessoas, a mínima humildade de olhar, de abstrair do stress ou do celular, ou a menor e maior de todas: sorrir.]
- E melhor ainda se exaltar o ego.
Hoje eu vejo no sabão que lava, a àgua suja,
e muita muita hipocrisia, e medo com a tv ligada.
e como é fácil falar de coisas escuras.

*Trata-se de domar-los, acalmar-los e educar-los.



O que mais me incomoda nos hipócritas é que eles não sabem o que significa hipocrisia.


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(é ótimo estar sozinho, mas não se sentir só)
as duas coisas são a mesma coisa, mas opostas.


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Entonces, eu su cabeza:
- Quien sos vos?
- Soy la combinacion que llamam por mim nombre.

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Ser feliz é um exercício, de quando se é, querer mais
dizer: 'eu quero mais disto'
de experimentar transcender, dizer sim, e ser.
não se pode perder tempo se lastimando ou com pena de si
não se pode exercitar o pessimismo, as más notícias, e informações vazias, Deus me livre!

Um presente de um amigo.

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Minha auto-afirmação; à quem possa interessar:

Uma das minhas coisa favoritas de viajar é esse reencontro usual que tenho com as memórias de minha infância e adolescência, e que juntas fazem parte do meu renascimento.
Como por exemplo, tenho memórias de lugares que estive quando criança, formatos de calçadas, becos e todo o trajeto até o mercado; e hoje, aos meus 22 de idade com a cabeça ocupada em seguir viagem ou ficar, estar consciente o tempo todo de que dia é hoje e onde você está (muda o tempo todo), onde dormir, onde trabalhar, manter a bagagem, prestar atenção a todos ao seu redor, manter a postura, ser humilde, legal, e forte, e saber tratar cada um à sua maneira, e ainda lembrar que aquela banca de jornal no canto daquela rodoviária se parece com aquela uma outra lá de outra cidade que você conheceu na sua infância.
É tão pequeno, é a vida.

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Mas confesso que em São Thomé me sinto lufa lufa

Bons malucos
Se diz maluco o artesão que viaja grandes territórios com seus materiais e sua mochila. Vulgarmente chamado de hippie, termo hoje antiguado no ramo real.
Um bom maluco mangueia* com veracidade e olhar perdido. E são malucos, mas ainda assim; se sabe que a vida ensina, e com o passar dos anos e das rotas, ele vai diminuindo e a serenidade virá, como todo e qualquer ser que tenha a sorte de viver tantos anos, porém seu sorriso será mais frouxo, porque foi mais bem exercitado, e saberá que foi feliz porque teve coragem.

*Mangueio, do verbo manguear: pedir, vender o artesanato, 'oi moça, posso te mostrar a minha arte?'

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Quando se vive de verdades, se alimenta de verdades, e só se convive com verdades, sem nenhuma hipocrisia, e lhe perguntam:
- Saudades?
- Sim, dos dentes.

(é assim que meus amigos brilham na minha memória, sorrindo).

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Das paisagens tragadas e todos os sentir, o melhor da viagem ainda são as pessoas, todos os meninos lindos, as mulheres maternais, os homens fraternais, o olhar curioso das crianças (é uma moça careca?), os hippies loucos, os amigos, as amigas, e as amigas de infância em um dia. Intenso.
Tem gente boa em tudo quanto é casco.