quinta-feira, 16 de maio de 2013

Talking about procrastination

Muito se fala sobre procrastinação, acredito que por ser uma palavra tão rebuscada que na verdade designa algo tão vulgar e banal. Afinal quem não deixa para amanhã o que deve fazer hoje? Quem não deixa pra fazer depois o que deve se fazer agora? Quem nunca deixou pro último dia, o trabalho que se teve meses ou semanas para ser feito?
Mas venho agora falar sobre isto pois sou não apenas mais uma procrastinadora como todos são ás vezes, mas sim porque sou uma profissional no assunto. Para se ter uma ideia, a primeira vez que planejei escrever este post era 2012.
E como expert no gênero, não venho lhes ensinar o que aprendi cometendo sempre o mesmo erro, ou lhes convencer a não se render a irresponsabilidade que gera o adiamento. Meu profissionalismo neste defeito só me permite me exibir do mesmo, e lhes contar minhas desventuras com a arte do deixar para depois.
Podia lhes contar qualquer uma das minhas histórias, e dar ênfase na minha destreza em estar nesta situação, nos 45 do segundo tempo, e ainda assim continuar a inventar desculpas a mim mesma de como eu ainda não estava confortável o suficiente para começar a pôr a mão na massa. Mas vou lhes contar o esqueleto genérico da procrastinação que eu costumo viver.

O desenrolar começa ao passo do estipulamento do prazo:
- com mais de uma semana: não há absolutamente nada com o que se preocupar. até os
- 7 dias antes do prazo: aceitação: ok, é necessário que eu comece a pensar em fazer o trabalho.
- 5 dias antes do prazo: amanhã eu começo a fazer o trabalho.
- 4 dias antes do prazo: esquecimento ocasional proposital.
- 3 dias antes do prazo: enganar-se: hoje estou tão cansado/triste/desmotivado.
- 2 dias antes do prazo: semi-desespero: como eu fui tão burra em deixar pra última hora? Pena que hoje eu tenho várias outras coisas pra fazer (procrastinação elevada a procrastinação)
- 1 dia antes do prazo: há duas sub possibilidades:
                                1 ) você decide tomar cerveja com uns amigos depois da aula/trabalho, ou fazer as compras da semana.
                                2 ) Você começa a fazer o trabalho e elevar procrastinação à procrastinação, isto é, mesmo fazendo o trabalho em cima do laço, continuar procrastinando, como comendo durante o trabalho, sentido muito frio, depois muito calor (trocar de roupa), sentindo agonia (PRECISO tomar banho), muita sede (e muito xixi), sono (mesmo que você tenha passado o final de semana inteiro na dormindo), insetos passam a triplicar seu nível de incômodo. Enfim, por aí vai, até você fazer 10% do trabalho e se sentir exausta. (Como eu sou profissional, confesso de depois de fazer os 10% me sinto até bem realizada e competente, conformada que "amanhã eu faço em dois toques")
- O dia: o dia chegou e mais uma vez você deixou pra última hora.
A procrastinação nível hard consiste em fazer o trabalho suando e conferindo o relógio de 15 em 15 minutos; isto é: resultado final com qualidade defasada.
A procrastinação nível expert consiste em mais uma vez elevar procrastinação à procrastinação, e por fim se conformar em entregar o trabalho com o prazo atrasado, afinal juntando todas as procrastinações de cada aula, um dia ele ficará pronto.

Mas preciso citar este fato recente que me tapou de nojo comigo mesma assim que me deparei com a cena ridícula que eu me encontrava: eu PRECISAVA ler aquele texto de antropologia, as aulas a respeito ja estavam quase acabando, talvez a do dia seguinte fosse a ultima, e eu tinha que ler aquele maldito texto.
Decidida a naquela noite ler, fiz todas as coisas do mundo antes de finalmente sentar na minha cama com todas as minhas manias em ordem, e quando estava tudo encaminhado vi que no canto da cama tinha esquecido os cabelos que me ca
íram depois do banho, enquanto eu os escovava, e então começei a conta-los.


Eram vinte e quatro fios de cabelo.
(e depois eu fui ler).




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